Vale a pena adquirir ações da Petrobrás na próxima subscrição?
Óleo da Discórdia ou Oportunidade?
A Petrobras realizará a maior chamada de capital de sua historia, do Brasil e provavelmente do mundo, para realizar um projeto de investimento ambicioso. A produção de petróleo poderá aumentar em até 35%. Ao invés dos investidores aplaudirem, a notícia, da possível capitalização da mesma tem causado quedas no preço das ações em bolsa.
Fica difícil entender, mas como uma companhia com capacidade de geração de lucro comprovada, praticamente monopolista no seu ramo de atividade, anuncia um projeto de investimento tão ambicioso e suas ações ao mesmo tempo são tão penalizadas. A pergunta que todos os investidores se fazem é como isso pode acontecer? Para tentar entender os reflexos dessa capitalização em bolsa é necessário analisarmos o processo passo a passo.
A operação na realidade funcionará da seguinte maneira:
O governo detém atualmente 32,2% do capital da companhia e pretende pagar a Petrobras, em dinheiro ou títulos públicos, o valor correspondente, a exploração e produção de até 5 bilhões de barris de óleo. Os demais acionistas também poderão comprar mais ações, na mesma proporção das ações a serem subscritas pelo governo.
Contudo, nem a data nem o preço estão definidos ainda. Além disso, quem já havia comprado ações da Petrobras, no passado, usando o dinheiro do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) poderá usar 30% do saldo atual, para comprar mais ações.
Ao tomar posse dos títulos emitidos pelo governo e o dinheiro dos demais acionistas, a Petrobras comprará o direito de exploração dos 5 bilhões de barris, cujo preço ainda não está definido. É importante lembrar ainda, que a viabilidade, o custo e o prazo para extração do petróleo também são incertos neste processo.
Assim ficam claras as dúvidas e incertezas dos investidores, no presente momento, para programarem suas ações de planejamento financeiro. Deve-se ainda levar em consideração a incerteza do processo de exploração em águas profundas e a cotação do barril de petróleo ao longo desses 5 ou 6 anos, quando finalmente, se tudo correr bem, o óleo poderá ser comercializado, ou seja, seria a mesma coisa que assinar um cheque em branco para comprar um carro, sem saber o seu estado de conservação, o ano de fabricação ou se o mesmo está em perfeitas condições de uso.
Parece coisa de maluco, não?
Por esta razão, as ações da companhia estão mal precificadas este ano, com queda superior a 25%.
Portanto, para entender se o óleo é da discórdia ou uma oportunidade para quem pretende comprar as ações no momento da oferta pública, deve-se analisar ou estimar: (i) se existirá tecnologia capaz de explorar a camada de pré-sal; (ii) qual será o preço do barril de óleo a ser vendido pelo governo à companhia; (iii) a data da capitalização; (iv) o preço da capitalização; (v) o custo de exploração do óleo; (vi) o prazo da exploração comercial viável; (vii) o volume de produção diária do óleo; (viii) e finalmente o preço da cotação do petróleo no mercado internacional.
Sobre a primeira questão, não temos a menor idéia. É provável que a Petrobras consiga desenvolver a tecnologia necessária devido ao seu histórico em exploração em águas profundas.
Na segunda questão, comentam os especialistas, que o preço está em torno de 5 a 12 dólares o barril. Lembrando que governo e a empresa possuem interesses diferentes na definição do preço do petróleo. Quanto menor o preço a ser pago pela Petrobras, maior será seu lucro. Já o Tesouro procura maximizar o preço do barril. O óleo encontrado em território brasileiro, conforme definido na constituição, pertence à União e, portanto ao povo brasileiro e não somente aos acionistas da Petrobras. Se o valor for próximo a 10 dólares é muito provável que a União aumente sua participação acionária, dos atuais 32%, pois os acionistas minoritários teriam dificuldade em manter sua proporção no capital da empresa. Se o governo aumentar sua participação, provavelmente, terá maior ingerência na companhia, nos próximos anos, o que vai contra o interesse da maioria dos acionistas.
Na terceira questão, tudo indica que a data da definição da subscrição acontecerá em Setembro. Divergências em relação ao preço da cessão do barril têm gerado especulações quanto à possibilidade de adiamento da data. Depois das eleições fica mais fácil a definição, pois decisões equivocadas no processo podem gerar críticas ao governo na reta final da corrida presidencial.
Se a subscrição for postergada aumentará o nível de alavancagem financeira da companhia, pois uma parte dos investimentos já está sendo feito. Alguns analistas já questionam se a empresa poderia perder seu grau de rating de investimento, pois seu endividamento superaria 35% do capital próprio. Lembrando que a perda de grau de investimento pode acarretar um maior custo de captação dos recursos financeiros e menores lucros no futuro.
Na quarta questão, chequei no Broadcast que a cotação atual da ação
preferencial da Petrobras encerrou o pregão de ontem cotada a R$
26,50 e no início do ano estavam 25% superior a esse valor. Esse preço é bastante relevante, pois gera impacto bastante grande na diluição do valor da companhia por ação.
Na quinta questão, questiona-se a impossibilidade de se fazer uma previsão, muitos apostam que o custo será no mínimo 15% a 20% mais alto que o atual custo médio de exploração da Petrobras.
Na sexta questão, prevê-se que o prazo da comercialização pode variar entre 6 a 10 anos.
Na sétima questão, estima-se possa representar um incremento de 0 a 35% na produção média diária.
Na oitava questão, sabe-se que a cotação oscilou entre 40 a 140 dólares o preço do barril nos últimos 3 anos.
Para finalizar, pode-se fazer um cálculo aproximado, considerando as seguintes premissas caso: (i) a Petrobras seja capaz de explorar o pré-sal; (ii) o preço da cessão do barril seja de 10 dólares; (iii) a capitalização seja definida em Setembro; (iv) que o valor de subscrição seja de R$ 30,00 por ação; (v) o custo de exploração seja 20% superior ao custo médio atual; (vi) a exploração seja comercialmente viável a partir do 6º ano; (vii) o aumento da produção seja da ordem de 30% e (vii) a cotação do barril no mercado internacional permaneça ao redor de 80 dólares. Com estas premissas, fazendo os cálculos, conclui-se que o preço atual é justo para 2010.
Portanto, diante de tudo isso, pergunta-se: Qual é a sua aposta e como ela pode contribuir para o seu Planejamento Financeiro Pessoal e Familiar?
*Victor José Hohl é Contabilista e Economista, Analista de Valores Mobiliários, Professor da Faculdade Michelangelo, Conselheiro da CORECON/DF – No 1779, Orientador do INI, Profissional de Investimentos (CNPI) com registro no CVM, Escritor de livros infantis sobre Educação Financeira e integra a Equipe da empresa Economia Comportamental.
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Victor José Hohl
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O Planejamento Financeiro Pessoal e Familiar tem como objetivo auxiliar a criar uma estratégia precisa para acumulação de bens e valores que irão formar o patrimônio de uma pessoa ou de uma família ajudando-as a arquitetar um Projeto de Vida para a conquista de etapas importantes da vida como acumular recursos para a faculdade dos filhos, para a compra de imóveis, para a tão sonhada aposentadoria, para iniciar um negócios próprio ou proteger sua família contra eventualidades. |
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